obaaaa. Consegui conexão. Agora vamos la, contar o que aconteceu.
No dia do embarque, fiquei
acordado até tarde, esperando o Troller ser embarcado para poder pegar algumas
coisas nele, inclusive minha mala com roupas. Como demorava muito, por volta da
uma hora conversei com o responsável pelo embarque e fui ao carro, ainda no
cais, buscar o que precisava. Fui dormir muito tarde, mas acordei com o
despertador do celular às 6 horas, devido à programação de ontem. Sai o quarto
para ver onde estávamos e percebi que ainda não tínhamos zarpado. Havia uma carreta
da qual eram tirados sacos de batata e embarcados.
Último carregamento (cebolas)
Saímos do
porto às seis horas e meia. Quase 12 horas de atraso.
No primeiro
dia o café da manhã foi liberado. Talvez como forma de agradar quem passou o
dia anterior esperando por um embarque que aconteceu muito atrasado e uma
viagem ainda mais atrasada. O café da manhã tem dois menus: o simples (um pão
doce e um copo de café/leite), por dois reais, e o completo (pão, ovo, bacon, suco,
café etc), por dez reais. Qualquer dia experimento o completo.
As pessoas
são muito gentis e hospitaleiras. Rapidinho, faço minha primeira amizade:
Dalila, que viaja com sua mãe Lucikely e seu pai Danilo. Este ultimo veio
preparado para a viagem: trouxe videogame, livro e tudo mais para ajudar a
passar o tempo.
As crianças
correm livremente pelo navio. Às vezes acompanhadas por algum adulto, às vezes
sozinhas.
Natal na cabine de comando
Redes nas quais as pessoas dormem e, às vezes, passam o dia todo.
Saíndo de Belém.
Fila para o cafe da manha.
Barcos (inúmeros) navegando para todos os lados.
Na hora do
almoço são oferecidas duas opções: marmita a R$ 10,00 ou self servisse por R$
15,00 por pessoa. Opto pelo segundo porque não daria conta de comer a grande
quantidade de comida que vem na marmita. Além disso, tenho a opção de escolha
que a marmita pronta não oferece. A comida é saborosa e eu ate repito, coisa
que normalmente não faço.
Lycy e Dalila
...e Dalila.
Senhora com seus três filhos.
Beatriz e Eliana
Sento com o computador sobre a perna e ao meu lado senta a Sra. Maria que prepara uma almofada em “forma de pneu”. Ela está voltando de Belém, onde foi visitar duas filhas. Quando perguntei se faz sempre a viagem de navio ela disse que não porque os filhos não gostam, mas que desta vez está viajando sem eles saberem. Ri porque a essa horas eles já devem estar sabendo porque as netas põem tudo no Facebook. Aproveito a conversa e compro uma almofada de D. Maria, para levar de recordação.
Para começar a fechar o primeiro dia de navegação, algumas fotos do por do sol sobre o rio Amazonas.
À noite as pessoas procuram lugares para sentar em poucas cadeiras plásticas escassamente dispersas pelo barco e algumas mais em frente ao bar. Começo a conversar com algumas pessoas e a conversa flui mais com dois maranhenses: Carlos e Glauce. Ele tem mais de 60 anos e volta para Altamira após uma cirurgia realizada em Belém. Ela é natural de Belém, mas mora em Altamira. Tem 36 anos e já é avó pela segunda vez. Vota a Altamira após um mês em Belém ajudando a cuidar de um irmão que foi baleado e ficou em estado grave.
Nesse momento passamos próximos a Breves e vimos no céu o clarão de suas luzes, mas não a avistamos porque entre nos e a cidade há uma ilha. A conversa gira muito em função das condições do navio e da viagem. Reclamam das baixas qualidades dos serviços, a começar pelo atraso e agravado pela parada do navio devido a problemas. Os argumentos e as queixas são muitos. A começar pela alimentação que antes era distribuída gratuitamente e agora é paga. Reconhecem que havia muito desperdício, mas criticam o preço e a qualidade que não condiz com esse. Dizem que Altamira deveria ser a segunda cidade mais importante do estado, mas que é refém a essa forma de transporte e os serviços de baixa qualidade que são oferecidos. Dizem que o dono desse navio é um politico influente da região e que, por isso, a situação se perpetua. A transamazônica não se efetiva concretamente porque não é interessante para esses políticos. É possível ir de Belém a Altamira, mas as condições das estradas são péssimas e o preço o dobro da passagem de navio. O transporte de carga também sofre com isso e dificulta o avanço da economia da região.
Muito bacana Gerson! Eu e Pedro estamos te acompanhando!!
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