sábado, 11 de janeiro de 2014

7º dia – primeiro dia no navio...

obaaaa. Consegui conexão. Agora vamos la, contar o que aconteceu.

No dia do embarque, fiquei acordado até tarde, esperando o Troller ser embarcado para poder pegar algumas coisas nele, inclusive minha mala com roupas. Como demorava muito, por volta da uma hora conversei com o responsável pelo embarque e fui ao carro, ainda no cais, buscar o que precisava. Fui dormir muito tarde, mas acordei com o despertador do celular às 6 horas, devido à programação de ontem. Sai o quarto para ver onde estávamos e percebi que ainda não tínhamos zarpado. Havia uma carreta da qual eram tirados sacos de batata e embarcados.




Último carregamento (cebolas)

Saímos do porto às seis horas e meia. Quase 12 horas de atraso.
No primeiro dia o café da manhã foi liberado. Talvez como forma de agradar quem passou o dia anterior esperando por um embarque que aconteceu muito atrasado e uma viagem ainda mais atrasada. O café da manhã tem dois menus: o simples (um pão doce e um copo de café/leite), por dois reais, e o completo (pão, ovo, bacon, suco, café etc), por dez reais. Qualquer dia experimento o completo.
As pessoas são muito gentis e hospitaleiras. Rapidinho, faço minha primeira amizade: Dalila, que viaja com sua mãe Lucikely e seu pai Danilo. Este ultimo veio preparado para a viagem: trouxe videogame, livro e tudo mais para ajudar a passar o tempo.
As crianças correm livremente pelo navio. Às vezes acompanhadas por algum adulto, às vezes sozinhas.
Natal na cabine de comando


 Redes nas quais as pessoas dormem e, às vezes, passam o dia todo.

 Saíndo de Belém.


 Fila para o cafe da manha.


Barcos (inúmeros) navegando para todos os lados.

Na hora do almoço são oferecidas duas opções: marmita a R$ 10,00 ou self servisse por R$ 15,00 por pessoa. Opto pelo segundo porque não daria conta de comer a grande quantidade de comida que vem na marmita. Além disso, tenho a opção de escolha que a marmita pronta não oferece. A comida é saborosa e eu ate repito, coisa que normalmente não faço.


 Lycy e Dalila

 ...e Dalila.



 Senhora com seus três filhos.


















O navio navega a uma velocidade media de 16 km/h e as suas margens vamos avistando diversos vilarejos. Esses são pequenos e se estendem pela margem do rio. Normalmente, se mede a distancia entre esses lugarejos pelo tempo de navegação em pequenos barcos. Quando passamos pela ilha do Jararaca encontramos diversas canos que se dirigem ao navio na esperança de que sejam lançados sacos plásticos contendo roupas. Para nós do “sul” parece inadmissível ver crianças em canoas tão pequenas em um rio tão vasto. Fica a dica para quem se aventurar a essa viagem no futuro. Traga pequenos sacos com pecas de roupas que não usa, mas que pode ser utilizadas por outras pessoas.










Beatriz e Eliana



Sento com o computador sobre a perna e ao meu lado senta a Sra. Maria que prepara uma almofada em “forma de pneu”. Ela está voltando de Belém, onde foi visitar duas filhas. Quando perguntei se faz sempre a viagem de navio ela disse que não porque os filhos não gostam, mas que desta vez está viajando sem eles saberem. Ri porque a essa horas eles já devem estar sabendo porque as netas põem tudo no Facebook. Aproveito a conversa e compro uma almofada de D. Maria, para levar de recordação.

Para começar a fechar o primeiro dia de navegação, algumas fotos do por do sol sobre o rio Amazonas.











À noite as pessoas procuram lugares para sentar em poucas cadeiras plásticas escassamente dispersas pelo barco e algumas mais em frente ao bar. Começo a conversar com algumas pessoas e a conversa flui mais com dois maranhenses: Carlos e Glauce. Ele tem mais de 60 anos e volta para Altamira após uma cirurgia realizada em Belém. Ela é natural de Belém, mas mora em Altamira. Tem 36 anos e já é avó pela segunda vez. Vota a Altamira após um mês em Belém ajudando a cuidar de um irmão que foi baleado e ficou em estado grave.

Nesse momento passamos próximos a Breves e vimos no céu o clarão de suas luzes, mas não a avistamos porque entre nos e a cidade há uma ilha. A conversa gira muito em função das condições do navio e da viagem. Reclamam das baixas qualidades dos serviços, a começar pelo atraso e agravado pela parada do navio devido a problemas. Os argumentos e as queixas são muitos. A começar pela alimentação que antes era distribuída gratuitamente e agora é paga. Reconhecem que havia muito desperdício, mas criticam o preço e a qualidade que não condiz com esse. Dizem que Altamira deveria ser a segunda cidade mais importante do estado, mas que é refém a essa forma de transporte e os serviços de baixa qualidade que são oferecidos. Dizem que o dono desse navio é um politico influente da região e que, por isso, a situação se perpetua. A transamazônica não se efetiva concretamente porque não é interessante para esses políticos. É possível ir de Belém a Altamira, mas as condições das estradas são péssimas e o preço o dobro da passagem de navio. O transporte de carga também sofre com isso e dificulta o avanço da economia da região.

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