Quando
acordo já são quase seis horas. Levanto e começo a arrumar as coisas para pegar
a estrada. A Ivone me oferece um café com bolachas que me lembram da casa de meus
queridos avos maternos. Tomo um banho e conversamos enquanto tomamos café. É
interessante ouvir as histórias que refletem o modo de vida e a cultura local.
Despeço-me com a promessa de parar lá novamente na volta.
Enquanto
termino de guardar a barraca sou abordado pelas testemunhas de Geová, Michele e
Rebeca,que me oferecem uma revista cuja matéria de capa tem o titulo: A morte é
o fim de tudo?
Enquanto
não leio para achar a resposta, vou vivendo.
Pego a
estrada que é relativamente tranquila e boa de dirigir. Esse é um momento de
reflexão Penso:
Dirigir me
acalma,
Porque o
movimento me aquieta
E a quietude
me agita.
Outros
pensamentos em verso veem pela cabeça. Vou tentar coloca-los no papel.
A estrada é
uma grande reta ondulada, cercada por uma paisagem belíssima. Em certos trechos
parece que a floresta esta invadindo a estrada, sendo que a verdade é o
inverso. Com marcas dessa invasão negra no verde, há vários lagos na beira da
pista devido ao levantamento do piso para base da estrada. Alguns são bonitos e
refletem a paisagem como um espelho. Outros lembram filmes de terror, devido a
grande quantidade de árvores mortas. Destas restaram só os troncos secos
fincados no meio da água.
Passo por um
trecho de quase cem quilômetros que é uma reserva indígena dos Waimiri
Atroari. Nesse
trecho só é permitido trafegar durante o dia. E ai que vejo um tamanduá
atravessando a estrada. Desvio-me para não passar a roda em cima dele. Paro e
volto para vê-lo, mas, pelo jeito, ele bateu em alguma parte debaixo do carro e
agoniza. Eu o puxo para o acostamento para que não seja esmagado pelos próximos
carros. Pelo jeito não sobreviverá, mas poderá servir de alimento a algum outro
animal. Isso me deixa triste pela primeira vez em minha viagem. Apesar de
eliminar uma grande quantidade de insetos que grudam no para-brisa, saber que
causei a morte de um mamífero me incomoda muito. Somos naturalmente danosos ao
nosso ambiente. L
À medida que
vou me aproximando de Roraima observo que a vegetação vai ficando mais baixa e
menos fechada. É interessante ir observando a mudança lentamente.
Nesse
intervalo passo pelo marco da linha do equador. Saio do hemisfério sul e entro
no norte onde a água do ralo gira para o outro lado.
Quando chego
a Boa Vista, abasteço e já saio em direção a Santa Elena, onde chego no início
da noite. Procuro um hotel e me alojo para amanha conhecer a cidade.
O cambio
favorável (cerca de 25.000 por real) atrai muitos brasileiros e o hotel está
cheio. A todo instante chegam mais comboios de brasileiros procurando abrigo.
Constato pela primeira vez o que me disseram varias vezes: temos que ficar
“espertos” pois tentam nos passar para traz o tempo todo. Como um sanduíche e
bebo uma cerveja. A conta da 176.000 bolivares, que é convertido em oito reais. Pago
com uma nota de vinte reais e o garçom me dá onze reais de troco. Como vê que
estou conferindo, me da mais um real que havia fiado em sua mão. Se não
confiro...
Boa noite.
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