quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

13º dia – Mudando de hemisfério...

Quando acordo já são quase seis horas. Levanto e começo a arrumar as coisas para pegar a estrada. A Ivone me oferece um café com bolachas que me lembram da casa de meus queridos avos maternos. Tomo um banho e conversamos enquanto tomamos café. É interessante ouvir as histórias que refletem o modo de vida e a cultura local. Despeço-me com a promessa de parar lá novamente na volta.




Enquanto termino de guardar a barraca sou abordado pelas testemunhas de Geová, Michele e Rebeca,que me oferecem uma revista cuja matéria de capa tem o titulo: A morte é o fim de tudo?
Enquanto não leio para achar a resposta, vou vivendo.




Pego a estrada que é relativamente tranquila e boa de dirigir. Esse é um momento de reflexão Penso:
Dirigir me acalma,
Porque o movimento me aquieta
E a quietude me agita.

Outros pensamentos em verso veem pela cabeça. Vou tentar coloca-los no papel.
A estrada é uma grande reta ondulada, cercada por uma paisagem belíssima. Em certos trechos parece que a floresta esta invadindo a estrada, sendo que a verdade é o inverso. Com marcas dessa invasão negra no verde, há vários lagos na beira da pista devido ao levantamento do piso para base da estrada. Alguns são bonitos e refletem a paisagem como um espelho. Outros lembram filmes de terror, devido a grande quantidade de árvores mortas. Destas restaram só os troncos secos fincados no meio da água.




Passo por um trecho de quase cem quilômetros que é uma reserva indígena dos Waimiri Atroari. Nesse trecho só é permitido trafegar durante o dia. E ai que vejo um tamanduá atravessando a estrada. Desvio-me para não passar a roda em cima dele. Paro e volto para vê-lo, mas, pelo jeito, ele bateu em alguma parte debaixo do carro e agoniza. Eu o puxo para o acostamento para que não seja esmagado pelos próximos carros. Pelo jeito não sobreviverá, mas poderá servir de alimento a algum outro animal. Isso me deixa triste pela primeira vez em minha viagem. Apesar de eliminar uma grande quantidade de insetos que grudam no para-brisa, saber que causei a morte de um mamífero me incomoda muito. Somos naturalmente danosos ao nosso ambiente. L


À medida que vou me aproximando de Roraima observo que a vegetação vai ficando mais baixa e menos fechada. É interessante ir observando a mudança lentamente.










Nesse intervalo passo pelo marco da linha do equador. Saio do hemisfério sul e entro no norte onde a água do ralo gira para o outro lado.







Quando chego a Boa Vista, abasteço e já saio em direção a Santa Elena, onde chego no início da noite. Procuro um hotel e me alojo para amanha conhecer a cidade.
O cambio favorável (cerca de 25.000 por real) atrai muitos brasileiros e o hotel está cheio. A todo instante chegam mais comboios de brasileiros procurando abrigo. Constato pela primeira vez o que me disseram varias vezes: temos que ficar “espertos” pois tentam nos passar para traz o tempo todo. Como um sanduíche e bebo uma cerveja. A conta da 176.000 bolivares, que é convertido em oito reais. Pago com uma nota de vinte reais e o garçom me dá onze reais de troco. Como vê que estou conferindo, me da mais um real que havia fiado em sua mão. Se não confiro...








Boa noite.

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