Acordamos depois de uma gostosa noite de sono e, ao abrimos
a janela, observamos que está chovendo. A pousada Lava Pés é aconchegante.
Caraca vei. Como
fazer com o Troller sem capota. O jeito e relaxar e esperar o tempo melhorar
porque, na verdade, não é chuva e sim um chuvisco do tipo molha bobo.
Vamos para o café da manhã e saboreamos sem pressa porque o
tempo ainda está chuvoso. A Nini nos serve o café e proseia.
Como somos só nos dois de hóspedes para o café, neste instante ela conversa bastante contando um pouco de sua vida. Conta-nos que tem um filho de 12 anos e que construiu sua casa sozinha. Como é pequena, não quis uma casa grande.
Pela faixa, vê-se que ela é candidata a vereadora.
Ela disse que não tem chance porque tem vontade de mexer com
coisas que ninguém quer mexer. Nem os eleitores. Gostaria de melhorar a escola
e colocar tratamento de água na cidade. Este último ninguém quer porque
preferem a água turva, mas grátis. Da para imaginar que ainda existe lugar em
que a água não é tratada?
Nini mostra-se uma mulher forte e batalhadora. Na pousada
faz de tudo, desde receber os hóspedes a colocar piso, pintar e limpar piscina.
Ela nos fala da cidade e mostra fotos de suas inúmeras cachoeiras. No atual
momento, vale esclarecer que cachoeira é queda d’água e não tem nada a ver com
Supremo Tribunal Federal.
Como a cidade está a cerca de 120 km de BH, pretendemos
voltar em outra época para conhecer as cachoeiras: do Lucio, da Vitoria, das
Crioulas, do Encantado, da Maça, do Chuvisco, da Serenata, do Funil, entre outras atrações.
Comentamos com a Nini do centro de artesanato que vimos
fechado e ela liga para a Andreia que prontamente se dispõe a abri-lo e
mostrar-nos o artesanato local. A Andreia é professora de Educação Artística,
cuida do centro de artesanato e faz um bonito trabalho com as crianças da
cidade. Fala dos trabalhos e das histórias dos artesãos, mostrando um pouco a
cara de cada trabalho e seu valor humano.
Saímos de Itambé do Mato Dentro rumo a Morro do Pilar. São
cerca de 38 km de estrada de terra.
Iupiiiii... é hoje que vamos curtir a estrada com vontade.
Ontem, para chegar a Itambé, pegamos um bom trecho de estrada
de terra, mas não curtimos muito porque já estava anoitecendo e havia obras com
muitos desvios e máquinas paradas na pistas. Como choveu a estrada está úmida e
sem poeira. Bom para dirigir e curtir as montanhas que se vê ao redor. Paramos
em um mirante que nos dá uma vista muito bonita e que poderia ser um cartão
postal de Minas. As montanhas e as nuvens baixas deixando o clima acinzentado
dão um clima bucólico e uma gostosa sensação de estar em casa.
Paramos em um fonte para bebermos uma deliciosa água mineral não engarrafada.
A viagem é tranquila até Morro do Pilar onde paramos e
tiramos fotos da cidade e da igreja.
Como já é hora do almoço, procuramos um lugar para tal e
encontramos o charmoso Café Mariinha. Além de alguns pratos, encontramos no
cardápio crepes, doces e cafés variados.
Apos o almoço tomamos um café e partimos rumo a cidade do
Serro.
“Sede de uma das
quatro primeiras comarcas da Capitania das Minas Gerais, a antiga Vila do
Príncipe do Serro Frio, hoje, cidade do Serro, ainda guarda as características
das vilas setecentistas mineiras, o que lhe valeu ser o primeiro município
brasileiro a ter seu conjunto arquitetônico e urbanístico tombado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em abril de 1938.
Em 1702, uma bandeira
chefiada por Antônio Soares Ferreira descobriu as minas de ouro de Ivituruí,
que em língua indígena significa Serro Frio, um “nevoeiro denso que invade a
parte alta da serra, acarretando grande baixa de temperatura e sendo
acompanhado de vento mais ou menos forte e constante”. Assim, é descrito o típico
clima da região.”
Nós, como bons mineiros, quando se fala em Serro logo
pensamos em queijo. Já descobrimos onde comprar um monte amanha: na cooperativa
ao lado da rodoviária. Mas antes de falar da cidade, temos que falar de como
foi chegar a ela.
Até então tudo normal. Estrada de terra. Tração na 4 rodas.
Não que precisasse, mas, já que o carro tem, vamos aproveitar e azeitá-la.
Vamos de leve, às vezes não tanto, mas curtindo a estrada de
terra. Alguns lugares percebemos que carros pequenos teriam dificuldades para
passar. O Troller ignora e vai em frente.
Vimos uma placa indicando Ribeirão. Na placa dizia que havia
artesanato no local e resolvemos conferir, já que havíamos nos contido a entrar
em outras localidades indicadas por placas. Entramos, achamos a igreja e nada
de artesanato.
Voltamos para a estrada, pois já está próximo de escurecer e
queremos chegar ao Serro para tomar um vinho e curtir o clima frio. Estamos a
pouco quilômetros, quando nos deparamos com um caminhão e uma carreta parados
no meio da estrada. Lentamente passamos por eles e entendemos o que está
acontecendo: um trator tenta rebocar um caminhão no meio de uma lama fina que
cobre a estrada em preparação para receber o asfalto.
Meus amigos jipeiros, corram que as emoções da Estrada Real
estão acabando. Em breve o asfalto substituirá o chão batido. Vai ser melhor
para a população que mora ao longo das estradas, mas perderá um pouco do
encanto. Nos vem ao pensamento como era na época dos tropeiros. Não haviam as
estradas que hoje existem com suas pontes e morros cortados, mas eles passavam
com burros e carroças carregando os suprimentos e o ouro para a Corte
Portuguesa. Isso sim devia ser emoção e das boas.
Voltando a lama, vimos de longe uma Kombi cheia de peões
agarrada na lama. Eles desceram e treparam no parachoque para tentar ajudar a
sair. Um fusquinha patina, mas bravamente e dançando sai aos poucos do piso
escorregadio.
Hora de colocar a reduzida e, lentamente, passar pelo
atoleiro. É interessante sentir como o carro dança, mas, aos poucos, vai
vencendo o lamaçal. Essa possibilidade faz vir a mente a ideia de que todo
fazendeiro devia ter um Troller. Convenhamos que uma Bandeirante já ajuda e
muito.
Vencido o lamaçal, logo avistamos o Serro. Chegamos e fomos
procurar um local para pernoitar. Após conversarmos com moradores, vamos a
pousada fazenda da Tuca. Somos mineiramente recebido pelo Jair que nos hospeda
e prozeia.
Depois de um banho, saímos para passear pela cidade. Nos
encantamos com as construções antigas e nos assustamos com a ladeiras a subir.
A cidade tem uma beleza que lembra Ouro preto, mas mostra
uma identidade própria. Vale a pena conhecer e ver suas igrejas. De dentro de
uma já se vê outra.
Tomamos um banho quente e saímos para comer. A cidade é
difícil de andar porque tem muita mão única, mas perguntando chegamos ao centro.
A igreja reina de cima do morro.
Igreja de Santa Rita
Andamos mais um pouco e paramos na Pizzaria Veneza, onde
somos recebidos carinhosamente pela Janaina e pelo Marcelo.
Vale a pena destacar que essa oportunidade de trabalho a uma
pessoa com Síndrome de Dow é um bom exemplo de inclusão. Parabéns. Ganhou nosso
respeito e admiração ao entrarmos no estabelecimento.
Além do atendimento, destacamos que o local tem wireless, uma pizza deliciosa e um
atendimento ótimo. Recomendo.
Ao voltar para a pousada nos impressiona a tranquilidade da
cidade. A serração dá um tom boêmio à cidade. Na vemos uma só pessoa caminhando
pela cidade. A cerração e as luzes dos postes mostram que a cidade já foi
dormir ou, no máximo, assistir a Grande Família.
Boa noite Serranos.
Serro, 16/08/12
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